segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Crítica da revista cinética para obra-prima Ponyo- Uma amizade que veio do Mar

Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar (Gake no ue no Ponyo), de Hayao Myiazaki (Japão, 2008)por Fábio Andrade


De volta
Aqueles que só conhecem o trabalho mais recente de Hayao Myiazaki podem ficar um tanto desorientados diante de Ponyo. Não há resquício, aqui, do acento épico de filmes como A Viagem de ChihiroA Princesa Mononoke ou mesmo do clássico Nausicaä. Embora todos os seus filmes sejam marcados por uma liberdade de pensamento nada adulta, em Ponyo Miyiazaki retoma o interesse exclusivo sobre o universo infantil. Sim, Ponyo é um filme para crianças, e o é com uma dedicação exclusiva ausente em seu trabalho desde a obra-prima Meu Vizinho Totoro, de 1988.


Não deixa de ser curioso que, após duas décadas explorando o hibridismo fantástico de seus filmes mais maduros (fantástico que, em Meu Vizinho Totoro, ganhava base naturalista ao ser claramente estabelecido como fruto de imaginação de duas meninas), Myiazaki sinta a necessidade de se voltar tão direta e conscientemente às crianças novamente. Curioso pois, embora elas claramente estivessem em sua mente o tempo todo, seu status mudara com o tempo: com o sucesso mundial de A Viagem de Chihiro, Myiazaki se tornou um dos mais celebrados realizadores em atividade, fincando os pés fortemente no terreno dos festivais e no radar de interesse de qualquer cinéfilo minimamente sensível. Ponyo é um filme de correção de rota – algo ainda mais expressivo pela presença marcante do mar e do universo náutico em todo o filme – não só para o próprio Myiazaki, mas também para o que o cinema para crianças (em especial o de animação) teria se tornado.
Tal correção, em primeiro lugar, é uma questão de traço. Enquanto a animação em 3D de Pixar e cia se empenha cada vez mais no aprimoramento de sua potência mimética,Ponyo traz um Myiazaki de mão soberbamente solta. Embora o diretor seja talvez o mais famoso defensor da animação à mão em todo o mundo, seu traço sempre foi de enorme precisão. Em Ponyo, porém, os desenhos ganham uma fluidez inédita em sua obra, trocando as cores brilhantes e bem definidas de A Viagem de Chihiro por uma palidez extremamente harmônica, mais próxima de um trabalho em aquarela. O mar – se comparado ao rio em computação gráfica de A Viagem de Chihiro – ganha uma opacidade surpreendente, por vezes tornando-se de fato uma criatura viva, autônoma e una.
Essa opacidade é essencial, e é por ela que Myiazaki chega à característica central dePonyo: profundidade. Pois há todo um jogo entre opacidade e profundidade, no filme, que não diz respeito somente à composição visual, mas também às operações de sentido que lhe interessam. O mar, mesmo que visualmente opaco e impenetrável, é de uma riqueza acachapante de tons, brilhos e formas de vida. Tudo que parece intransponível – ou, se quisermos fazer um comentário metalinguístico, tudo que existe em 2D – esconde enorme profundidade, e é justamente nessa surpresa que o cinema se faz: algo que sabemos ser duro, finito e chapado como uma parede, mas é capaz de se desdobrar em formas e dimensões que, na impecabilidade ilusionista do próprio truque, são fisicamente impossíveis. O cinema em 3D é apenas a revelação ostensiva de uma operação de falseamento que já é realizada plenamente no 2D – da qual os óculos se fazem o ápice da perversidade barroca.
É interessante que, com essas particularidades, Ponyo se revele o verdadeiro anti-Shrek – como se a obsessão da animação computadorizada com a profundidade de um nariz ou de uma barriga saliente fosse a testemunha do descaso à profundidade que realmente interessa: a do universo ficcional. Ponyo declara isso fazendo aquilo que só a animação pode fazer sem cortes: mostrar o exato momento em que um ser altera sua condição, transformando-se de peixe em menina em um único e contínuo plano. É essa a questão essencial (que, inclusive, existe também em Procurando Nemo e Ratatouille) para uma arte que realmente se quer formadora, pois ela reafirma o poder da própria arte. Enquanto diversos filmes infantis se limitam a reproduzir e transmitir para as crianças de forma indolor um status quo já estabelecido (Os IncríveisShrek), Ponyo indica justamente a possibilidade de cada indivíduo de transformar radicalmente sua condição, com os ganhos e sacrifícios inerentes ao processo. Para isso, basta haver algo para se amar, dedicada e incondicionalmente, do outro lado.
Agosto de 2010editoria@revistacinetica.com.br


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Critica copiada na integra da revista digital, sobre cinema, cinética.
http://www.revistacinetica.com.br/ponyo.htm

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Hoje é o dia

28 de outubro.


O que anima-se nasce.


Hoje exibiremos Ponyo (Japão,2008), o filme mais recente de Hayao Miyazak. Uma grande aventura nas àguas da animação.
Além disso, em mais de 300 cidades do Brasil acontecerá exibições do projeto "Dia da animação", com uma diversidade de curtas.




Veja um pouco da mostra ANIMAR:
A bela
O coelho
Peixe com rosto
X 
A festa


No dia 27 de novembro saiu uma reportagem no jornal paraense "O Liberal" sobre a mostra:


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Aniversário da Animação



No dia 28 de outubro de 1892, na França, Emile Reynaud projetou pela primeira vez seus filmes (Pauvre Pierrot (1892) ) animados com um instrumento óptico chamado Praxinoscopio. Por este motivo,neste dia comemora-se o dia do aniversáio da Animação, o Projeto Animar decidiu comemorar com uma mostra na Saraiva Megastore (Shopping Boulevard, 2º piso, centro de Belém), com apoio da APJCC, Saraiva e Improvideo.
A mostra começará no dia 26 e vai até o dia 30 de outubro. Ela pretende passar, em poucos dias, filmes que representem fases e diferentes técnicas de Animação, para discutir antes de tudo, a linguagem desta arte.


Confiram a PROGRAMAÇÃO:

26/10 - 18:30 - A Bela Adormecida (Walt Disney).

27/10 - 17:00 - Curtas de Oswald (Walt Disney).

28/10 - 18:30 - Ponyo ( Hayao Miyazaki).

29/10 - 18:30 - Curtas variados  (diversos autores).

30/10 - 17:00 - Oficina com técnicas Stopmotion e Flipbook para Crianças.
18:30 - Curtas Paraenses (diversos autores).
19:00 - Discussão com os animadores paraenses.



(Não deixem de conferir a programação do Projeto Dia Internacional da Animação)